domingo, 17 de junho de 2012

história de amor... em Taizé

Eis uma bonita história que se passou em Taizé! Vale mesma a pena lerem!!!
Obrigado Joana por a teres partilhado connosco:

Olá, sou a Joana, tenho 23 anos, venho de origem do distrito de Lisboa no concelho de Mafra, e já embarquei muitas viagens a Taizé desde 2005.

Dedico esta história a todos os casais que lutam (ou lutaram) pela sua cara metade através da distância! Quando existe amor e fé nada é impossível! :)

Esta história iniciou-se na Páscoa de 2007. Como todos os anos, lá ia eu para mais uma peregrinação a Taizé com os tugas para passar a semana santa. Nesse ano iria ser diferente, pois estava com o plano de permanecer em Taizé por um período prolongado.

Talvez vocês perguntam-me: Porquê a ideia de ficar em Taizé como permanente? Porque nessa altura eu estava a descobrir uma vocação religiosa.

No Domingo de Páscoa foi um dia muito especial, não só pela alegria de celebrar a Ressureição de Cristo mas também era o dia que eu iria mudar para a casa das raparigas permanentes! (por trás do El Abiodh). Despedi-me do meu grupo de autocarro e lá fiquei eu sozinha em frente do Oyak a ver o autocarro partir. Senti-me sozinha mas com a confiança de que fiz a escolha certa para ficar.

Numa noite após a oração, lembrei-me que serviam chá ao pé da area da distribuição. Na casa dos permanentes nós tinhamos chá entre outras coisas que podíamo-nos servir durante o dia á vontade. Contudo, eu tinha saudades de estar no convívio no ambiente de Taizé com outros jovens e adultos peregrinos que ficavam uma semana. Peguei numa taça e fiquei na fila á espera. Estavam dois rapazes a servirem o chá. Ambos eram loiros e pareciam que vinham de origem de países do norte. Um deles serviu-me com um sorriso. Como a maioria eram alemães naquela semana perguntei-lhe se ele era da Alemanha e ele disse que sim. O outro rapaz era da Áustria. Os dois também eram permanentes, eram os responsáveis nessa semana do pequeno-almoço e de servir o chá.

No ínicio da semana seguinte, eu tinha tarefas novas a cumprir durante a semana. E então, numa tarde de sol e calor depois do almoço, lá ia eu a sair da casa dos permantes para ir ao meu trabalho: Cadolle.  Vi um rapaz ao longe que parecia-me familiar. Ele viu-me também e eu fui ter com ele. Era o tal rapaz alemão que servia-me o chá. Ele também tinha o mesmo trabalho que eu e então caminhamos juntos para o trabalho. Durante o caminho falamos mais um com o outro e ficamos a conhecermo-nos melhor. O nome dele é Christian.

Durante o trabalho (a nossa tarefa era desmontar as tendas azuis) notava que ele tinha interesse de falar comigo. De vez em quando trocavamos olhares e sorriamos e de vez em quando ele vinha ter comigo para falar. No final do trabalho chegamos a falar ainda mais. Falamos sobre as nossas crenças e sobre Deus. Explquei-lhe da minha procura de seguir a vocação religiosa e ele disse que queria seguir a vocação do matrimónio. Contudo ele disse que não tinha namorada.  

No meio da semana eu tinha um trabalho diferente: responsável pelos piqueniques (a comida que os peregrinos levavam na partida para casa). E ele então vinha visitar-me todos os dias na casinha onde eu trabalhava.

Na semana seguinte nós tivemos trabalhos diferentes. Eu tinha o trabalho da recolha de lixo e ele continuou no Cadolle. No final da tarde quando acabavamos o trabalho e sentavamos para beber chá, via-lhe de longe com o grupo dele do trabalho. Ele também via-me de longe. Depois do lanche punhamos a conversa em dia.

Numa oração da noite ele veio sentar-se ao meu lado. Quando a oração terminou ele convidou-me para ir dar um passeio. E assim fomos e continuamos a fazer o nosso passeio nocturno todos os dias. Sentavamos numas escadinhas em frente das barracas em Madras. Falavamos de muitas coisas. Havia também momentos de silêncio que apenas observavamos as estrelas. Ele acompanhava-me até á casa dos permanentes das raparigas e na despedida abraçava-mos prolongadamente.

Num Domingo estava eu a preparar para fazer um retiro de silêncio durante uma semana. Estava a precisar de tempo para reflectir, pois desde que tinha chegado a Taizé, não cheguei a ter muito tempo para mim própria. Na despedida ele ofereceu-me um postal (que ele tinha feito em casa) tinha uma imagem do lago do silêncio. No postal ele escreveu-me palavras bonitas de coragem e amizade.
Durante o meu retiro de silêncio pensava muitas vezes nele. Lia e relia o postal que ele ofereceu-me. Especialmente uma frase que ele escreveu: “(….) um milhão de flores nunca poderão substituir-te”.  Apesar de não poder falar continuamos  a ver-nos nas orações e trocamos muitas vezes um sorriso. 

No fim do retiro finalmente falamos. Ele estava feliz por voltar a falar comigo. Contudo, os pensamentos que eu tinha no retiro continuaram na minha cabeça. Será que ele sentia por mim algo mais do que uma simples amizade?

Falei com uma irmã e contei-lhe tudo o que sentia. Ela aconselhou-me que devia falar com ele. Eu estava cheia de medo. Mas eu sabia que se eu não perguntar-lhe eu nunca saberia a verdade.
Estavamos sentados na Igreja.  No fim da oração da noite a Igreja ia ficando cada vez mais vazio e nós permanecemos lá. Respirei fundo e dei o primeiro passo: perguntei-lhe se ele está apaixonado por mim e respondeu que sim.

Ficamos na Igreja a falar durante muito tempo até que a Igreja estava completamente vazia. Ficamos a falar até ás 3h da manhã e acabamos por beijar-nos.

Três dias depois, pedi-lhe um tempo. Não suportava sentir-me dividida entre o caminho que eu procurava antes e do caminho do amor. As lágrimas vieram-lhe aos olhos mas ele aceitou o meu pedido.

Durante a tarde desse mesmo dia, senti um vazio enorme. Como se uma coisa tão preciosa desaparecesse pelo vento. Pedi a Deus para ajudar-me escolher o caminho certo. Pensei na vocação religiosa que eu tanto queria seguir e agora de um momento pro outro deixou de ter sentido. Pensei no Christian e o meu coração pulou. E então cheguei á conclusão:  o caminho a seguir é onde o coração está presente. Fez-se luz na minha cabeça e tudo ficou claro.

Olhei para o meu relógio e só faltava uma hora antes da oração da noite começar. Queria falar com ele o mais depressa possível. Telefonei para a casa dos rapazes permanentes em Tilleul e consegui contacta-lo. Pedi-lhe para vir ter comigo em frente do El Abiodh. E lá vi-lhe de longe a correr o mais rápido que ele pode ao meu encontro. Encaminhamos juntos em direção a Ameugny (uma pequena vila ao pé de Taizé). Sentamo-nos numa bancada á frente de um igreja que encontrava-se ali. Perguntei-lhe o que ele sente por mim. E ele respondeu que tudo começou por uma paixão e que agora é um amor que permanecerá para sempre.

Por fim disse-lhe que aceito o namoro. Entramos dentro da Igreja e ambos ajoelhamos diante do altar. Agradecemos a Deus pelo nosso amor e que cresce e fortalece cada vez mais.
Quatro anos depois nesse mesmo dia no nosso aniversário de namoro: casamo-nos.